18 Abril 2022
Espera-se que o Papa Francisco acrescente outra viagem internacional à sua agenda de viagens lotada e participe de um congresso mundial de líderes religiosos que é realizado a cada três anos na capital cazaque.
A reportagem é de Xavier Le Normand, publicada em La Croix International, 13-04-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O presidente do Cazaquistão anunciou que o Papa Francisco planeja visitar a ex-república soviética na Ásia Central em setembro para um encontro internacional de líderes religiosos.
Embora a Santa Sé não tenha confirmado formalmente a visita, o Vatican News – o portal oficial da comunicação vaticana – disse que Francisco “expressou o desejo de viajar ao Cazaquistão”.
Ele será apenas o segundo pontífice romano a visitar esse vasto país predominantemente muçulmano, após a viagem de João Paulo II em 2001.
O objetivo de Francisco em relação à viagem é participar do 7º Congresso de Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais, que está programado para ocorrer de 14 a 15 de setembro na capital cazaque, Nur-Sultan (antiga Astana).
O fórum religioso foi estabelecido em 2003 por Nursultan Nazarbayev, um muçulmano que foi o primeiro presidente do Cazaquistão de 1990 a 2019.
A capital foi renomeada há apenas três anos em homenagem ao ex-líder de 81 anos.
O Cazaquistão, o nono maior país do mundo em extensão territorial, é um Estado laico com uma pluralidade de religiões.
Os muçulmanos representam cerca de 70% da população de 19 milhões de pessoas, enquanto os cristãos são estimados em pouco mais de 23%.
Menores em termos percentuais são os judeus e aqueles que pertencem a uma grande variedade de religiões orientais, como o budismo e o hinduísmo, assim como o taoísmo, o xintoísmo e o zoroastrismo.
Assim, o país – que faz fronteira com Rússia, China, Quirguistão, Uzbequistão e Turcomenistão – é um local privilegiado como ponto de encontro entre o Oriente e o Ocidente e as religiões do mundo.
Embora este seja o 7º congresso de líderes religiosos no Cazaquistão, será o primeiro a contar com a participação do chefe da Igreja Católica, o que demonstra mais uma vez a preocupação de Francisco com o diálogo inter-religioso.
O La Croix entende que o papa jesuíta já queria participar do encontro há algum tempo.
Como revelamos em dezembro passado, o congresso no Cazaquistão foi visto como um possível local para que ele realizasse um segundo encontro com o patriarca ortodoxo russo Kirill de Moscou.
Mas, desde o início da guerra na Ucrânia, o país da Ásia Central – aliado da Rússia de Vladimir Putin – não parece mais ser o primeiro candidato para tal encontro, que ainda está sendo avaliado.
A agência de notícias Reuters revelou nesta semana que autoridades de ambas as Igrejas estão atualmente explorando a possibilidade de realizar um encontro entre Francisco e Kirill em Jerusalém, após a visita papal ao Líbano.
O papa estará na “Terra dos Cedros” de 12 a 13 de junho, e a ideia é que ele voe para Amã (Jordânia) logo em seguida e depois seja levado de helicóptero até à Cidade Santa.
“É uma das hipóteses que estão sendo examinadas”, disse uma fonte vaticana.
De qualquer forma, a anunciada visita de Francisco ao Cazaquistão marca uma aceleração ainda maior de suas viagens ao exterior, após dois anos durante os quais a pandemia da Covid-19 o manteve em Roma.
O papa de 85 anos fez sua primeira viagem ao exterior de 2022 no mês passado, quando foi a Malta.
Além do Líbano e do Cazaquistão, ele também deve viajar no início de julho para a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul.
E, poucas semanas após a viagem africana, ele deve ir ao Canadá.
O itinerário de viagem reforçado chega em um momento em que Francisco mostra sinais de idade e de fadiga devido a fortes dores no joelho.
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O que está por trás da visita do papa ao Cazaquistão em setembro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU